202- Capítulo XXVII - Instruções dos Espíritos - Item 22 - Maneira de Orar
- paulinhocomunhao
- 18 de nov. de 2023
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Instruções dos Espíritos
Maneira de orar
22. O primeiro dever de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar a sua volta à vida ativa de cada dia, é a prece. Quase todos vós orais, mas quão poucos são os que sabem orar! Que importam ao Senhor as frases que maquinalmente articulais, fazendo disso um hábito, um dever que cumpris e que vos pesa como qualquer dever?
A prece do cristão, do espírita, seja qual for o seu culto, deve ser feita logo que o Espírito haja retomado o jugo da carne; deve elevar-se aos pés da Majestade divina com humildade, com profundeza, num ímpeto de reconhecimento por todos os benefícios recebidos até aquele dia; pela noite transcorrida, durante a qual lhe foi permitido, ainda que sem consciência disso, ir para junto de seus amigos, de seus guias, para haurir, no contato com eles, mais força e perseverança. A prece deve subir humilde aos pés do Senhor, para lhe recomendar a vossa fraqueza, para lhe suplicar amparo, indulgência e misericórdia. Deve ser profunda, porque é a vossa alma que tem de elevar-se para o Criador, transfigurando-se como Jesus no Tabor, a fim de lá chegar alva e radiosa de esperança e de amor.
A vossa prece deve conter o pedido das graças de que necessitais, mas de que necessitais realmente. Inútil, portanto, pedir ao Senhor que abrevie as vossas provas, que vos dê alegrias e riquezas. Rogai-lhe que vos conceda os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé. Não digais, como sucede a muitos dentre vós: “Não vale a pena orar, porque Deus não me atende”. O que é que pedis a Deus, na maioria dos casos? Pensastes alguma vez em lhe pedir a vossa melhoria moral? Oh! não; bem poucas vezes. O que preferentemente vos lembrais de pedir é o bom êxito para os vossos empreendimentos terrenos, e tendes exclamado com frequência: “Deus não se ocupa conosco; se se ocupasse, não haveria tantas injustiças”. Insensatos! Ingratos! Se descêsseis ao fundo da vossa consciência, quase sempre encontraríeis em vós mesmos o ponto de partida dos males de que vos queixais. Pedi, pois, antes de tudo, o vosso aprimoramento e vereis que torrente de graças e de consolações se derramará sobre vós. (Cap. V, item 4.)
Deveis orar incessantemente, sem que, para isso, preciseis vos recolher ao vosso oratório ou vos lanceis de joelhos nas praças públicas. A prece do dia é o cumprimento dos vossos deveres, sem exceção de nenhum, seja qual for a natureza deles. Não é um ato de amor a Deus assistirdes os vossos irmãos numa necessidade qualquer, moral ou física? Não é fazer um ato de reconhecimento elevardes a Ele o vosso pensamento, quando uma felicidade vos advém, quando evitais um acidente, quando mesmo uma simples contrariedade vos toca de leve a alma, ao dizerdes em pensamento: Sede bendito, meu Pai?! Não é um ato de contrição vos humilhardes diante do Juiz supremo, quando sentis que falistes, ainda que somente por um pensamento fugaz, para lhe dizerdes: Perdoai-me, meu Deus, porque pequei (por orgulho, por egoísmo ou por falta de caridade); dai-me forças para não falir de novo e coragem para a reparação da minha falta?
Isso independe das preces regulares da manhã e da noite e dos dias consagrados. Como vedes, a prece pode ser feita em todos os instantes, sem acarretar nenhuma interrupção aos vossos trabalhos. Dita assim, ela, ao contrário, os santifica. Tende como certo que um só desses pensamentos, se partir do coração, é mais ouvido pelo vosso Pai celestial do que as longas orações ditas por hábito, muitas vezes sem causa determinante e às quais sois chamados maquinalmente na hora convencional. – V. Monod. (BORDEAUX, 1862.)
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