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199- Capítulo XXVII - Itens 12 a 15 - Ação da Prece. Transmissão do Pensamento (continuação)

  • Foto do escritor: paulinhocomunhao
    paulinhocomunhao
  • 15 de nov. de 2023
  • 4 min de leitura


12. Se dividirmos em duas partes os males da vida, uma constituída dos males que o homem não pode evitar, outra das tribulações de que ele mesmo é a causa principal, pela sua incúria ou por seus excessos (cap. V, item 4), ver-se-á que a segunda excede em grande número a primeira. Torna-se, pois, bastante evidente que o homem é o autor da maior parte das suas aflições, das quais se pouparia se agisse sempre com prudência e sabedoria.


Não é menos certo que todas essas misérias resultam das nossas infrações às Leis de Deus e que, se as observássemos regularmente, seríamos completamente felizes. Se não ultrapassássemos o limite do necessário, na satisfação das nossas necessidades, não teríamos as doenças que resultam dos excessos, nem experimentaríamos as vicissitudes que essas doenças acarretam. Se puséssemos limites à nossa ambição, não temeríamos a ruína; se não quiséssemos subir mais alto do que podemos, não recearíamos a queda; se fôssemos humildes, não sofreríamos as decepções do orgulho humilhado; se praticássemos a lei de caridade, não seríamos maledicentes, nem invejosos, nem ciumentos, e evitaríamos as querelas e dissensões; se não fizéssemos mal a ninguém, não temeríamos as vinganças etc.


Admitamos que o homem nada possa com relação aos outros males; que toda prece lhe seja inútil para livrar-se deles; já não seria muito libertar-se de todos os que resultam da sua maneira de proceder? Ora, aqui, facilmente se concebe a ação da prece, pois ela tem por efeito atrair a salutar inspiração dos Espíritos bons, pedir-lhes a força para resistir aos maus pensamentos, cuja realização nos pode ser funesta. Nesse caso, não é o mal que eles afastam; eles apenas desviam de nós o mau pensamento que nos pode causar dano; não contrariam em nada os decretos de Deus nem suspendem o curso das Leis da Natureza, embora impeçam que as infrinjamos, dirigindo o nosso livre-arbítrio. Agem, contudo, à nossa revelia, de maneira oculta, para não subjugar a nossa vontade. O homem se acha então na posição de alguém que solicita bons conselhos e os põe em prática, mas guardando a liberdade de segui-los ou não. Deus quer que seja assim, para que o homem tenha a responsabilidade dos seus atos e o mérito da escolha entre o bem e o mal. Eis o que o homem pode estar sempre certo de receber, se pedir com fervor, e é principalmente nesse caso que se podem aplicar estas palavras: “Pedi e obtereis”.


A eficácia da prece, mesmo reduzida a essa proporção, já não traria resultados imensos? Estava reservado ao Espiritismo provar-nos a ação da prece, ao nos revelar as relações existentes entre o mundo corpóreo e o mundo espiritual. Os efeitos da prece, contudo, não se limitam aos que acabamos de apontar.


A prece é recomendada por todos os Espíritos. Renunciar à prece é desconhecer a bondade de Deus; é recusar, para si, a sua assistência e, para os outros, abrir mão do bem que lhes pode fazer.


13. Atendendo ao pedido que lhe é feito, Deus muitas vezes tem em vista recompensar a intenção, o devotamento e a fé daquele que ora. É por isso que a prece do homem de bem tem mais merecimento aos olhos de Deus e sempre mais eficácia, considerando-se que o homem vicioso e mau não pode orar com o fervor e a confiança que só o sentimento da verdadeira piedade pode dar. Do coração do egoísta, daquele que ora com os lábios, podem sair apenas palavras, mas não os impulsos de caridade que dão à prece todo o seu poder. Isso se compreende tão claramente que, por um impulso instintivo, quem se quer recomendar às preces de outrem dá preferência às preces daqueles cujo proceder deve ser agradável a Deus, pois são mais prontamente ouvidos.


14. Já que a prece exerce uma espécie de ação magnética, poder-se-ia supor que o seu efeito depende da força fluídica. Mas não é assim que ocorre. Exercendo essa ação sobre os homens, os Espíritos suprem, em caso de necessidade, a insuficiência daquele que ora, seja agindo diretamente em seu nome, seja lhe dando momentaneamente uma força excepcional, quando o julgam digno desse favor, ou quando ela lhe pode ser proveitosa.


O homem que não se considere suficientemente bom para exercer uma influência salutar, não deve por isso abster-se de orar pelos outros, com a ideia de que não é digno de ser escutado. A consciência da sua inferioridade é uma prova de humildade, sempre grata a Deus, que leva em conta a intenção caridosa que o anima. Seu fervor e sua confiança são um primeiro passo para a sua conversão ao bem, conversão que os Espíritos bons se sentem felizes em estimular. A prece que é repelida é a do orgulhoso, que tem fé em seu poder e em seus méritos e acredita ser-lhe possível sobrepor-se à vontade do Eterno.


15. O poder da prece está no pensamento. Não depende de palavras, nem de lugar, nem do momento em que seja feita. Pode-se, portanto, orar em toda parte e a qualquer hora, a sós ou em comum. A influência do lugar e do tempo só se faz sentir nas circunstâncias que favoreçam o recolhimento. A prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que oram se associam de coração a um mesmo pensamento e têm o mesmo objetivo: é como se muitos clamassem juntos e em uníssono. Mas que importa reunir-se grande número de pessoas, se cada uma atua isoladamente e por conta própria? Cem pessoas reunidas podem orar como egoístas, enquanto duas ou três, ligadas por uma mesma aspiração, oram como verdadeiros irmãos em Deus, de sorte que a prece que dirijam a Deus terá mais força do que a das cem outras. (Cap. XXVIII, itens 4 e 5.)








 
 
 

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