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197- Capítulo XXVII - Itens 5 a 8 - Eficácia da Prece

  • Foto do escritor: paulinhocomunhao
    paulinhocomunhao
  • 13 de nov. de 2023
  • 3 min de leitura

Eficácia da prece


5. Seja o que for que peçais na prece, crede que o obtereis e vos será concedido o que pedirdes. (MARCOS, 11:24.)


6. Há pessoas que contestam a eficácia da prece, baseando-se no princípio de que, conhecendo Deus as nossas necessidades, é supérfluo expô-las a Ele. Acrescentam ainda que, como tudo se encadeia no Universo por leis eternas, as nossas súplicas não podem mudar os decretos de Deus.


Sem dúvida alguma há leis naturais e imutáveis que Deus não pode derrogar ao capricho de cada um, mas, daí a crer-se que todas as circunstâncias da vida estão submetidas à fatalidade, vai grande distância. Se fosse assim, o homem não passaria de um instrumento passivo, sem livre-arbítrio e sem iniciativa. Nessa hipótese, só lhe restaria curvar a cabeça sob o golpe de todos os acontecimentos, sem procurar evitá-los; não deveria tentar desviar-se do raio. Deus não lhe deu a razão e a inteligência para que não as utilizasse; a vontade, para não querer; a atividade, para ficar inativo. Como o homem é livre para agir num sentido ou em outro, seus atos acarretam, a ele e às demais pessoas, consequências subordinadas ao que ele faz ou não faz. Há, portanto, por iniciativa dele, acontecimentos que forçosamente escapam à fatalidade e que não destroem a harmonia das leis universais, do mesmo modo que o avanço ou o atraso do ponteiro de um relógio não anula a lei do movimento sobre a qual se funda o mecanismo. Deus pode, pois, consentir com certos pedidos, sem derrogar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, subordinada sempre essa anuência à sua vontade.


7. Seria ilógico concluir desta máxima: “Seja o que for que peçais na prece, crede que vos será concedido”, que basta pedir para obter, como seria injusto acusar a Providência se não atender a toda súplica que lhe é feita, uma vez que ela sabe, melhor do que nós, o que é para o nosso bem. É assim que procede um pai criterioso que recusa ao filho o que seja contrário aos seus interesses. O homem, em geral, só vê o presente. Ora, se o sofrimento é útil à sua felicidade futura, Deus o deixará sofrer, como o cirurgião deixa que o doente sofra as dores de uma operação que lhe trará a cura.


O que Deus concederá ao homem, se ele lhe pedir com confiança, é a coragem, a paciência e a resignação. Também lhe concederá os meios de se livrar por si mesmo das dificuldades, mediante ideias que fará que os Espíritos bons lhe sugiram, deixando-lhe dessa forma o mérito da ação. Ele assiste os que se ajudam a si mesmos, conforme esta máxima: “Ajuda-te, que o Céu te ajudará”, e não os que tudo esperam de um socorro estranho, sem fazer uso das próprias faculdades. Entretanto, na maioria das vezes, o que o homem quer é ser socorrido por um milagre, sem nada fazer de sua parte. (Cap. XXV, item 1 e seguintes.)


8. Tomemos um exemplo. Um homem está perdido no deserto. Sofre de sede terrível; sente-se desfalecer, cai por terra. Pede a Deus que o assista e espera. Nenhum anjo lhe virá dar de beber. Entretanto, um Espírito bom lhe sugere a ideia de levantar-se e tomar um dos caminhos que tem diante de si. Então, por um movimento maquinal, reunindo todas as forças que lhe restam, ele se ergue, caminha e descobre ao longe um regato. Ao divisá-lo, ganha coragem. Se tem fé, exclamará: “Obrigado, meu Deus, pela ideia que me inspiraste e pela força que me deste”. Se não tem fé, dirá: “Que boa ideia eu tive! Que sorte a minha de tomar o caminho da direita, em vez do da esquerda; o acaso, às vezes, nos serve admiravelmente! Quanto me felicito pela minha coragem e por não me ter deixado abater!”


Mas, dirão, por que o Espírito bom não lhe disse claramente: “Segue este caminho, no fim do qual encontrarás aquilo de que necessitas?” Por que não lhe foi mostrado o caminho, para guiá-lo e sustentá-lo no seu desfalecimento? Dessa maneira o Espírito bom o teria convencido da intervenção da Providência. Em primeiro lugar, para lhe ensinar que cada um deve ajudar-se a si mesmo e fazer uso das próprias forças. Depois, pela incerteza, Deus põe à prova a confiança que o homem deposita nele e a submissão deste à sua vontade. Aquele homem estava na situação de uma criança que cai e que, percebendo alguém, se põe a gritar e fica à espera de que venham levantá-la; se não vê ninguém, faz esforços e se ergue sozinha.


Se o anjo que acompanhou Tobias lhe tivesse dito: “Sou enviado por Deus para te guiar na tua viagem e te preservar de todo perigo”, Tobias não teria tido mérito algum. Fiando-se no seu companheiro nem mesmo teria precisado pensar. Foi por isso que o anjo só se deu a conhecer ao regressarem.








 
 
 

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