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195- Capítulo XXVI - Itens 7 a 10 - Mediunidade Gratuita

  • Foto do escritor: paulinhocomunhao
    paulinhocomunhao
  • 11 de nov. de 2023
  • 3 min de leitura

Mediunidade gratuita


7. Os médiuns modernos — pois os apóstolos também tinham mediunidade — igualmente receberam de Deus um dom gratuito: o de serem intérpretes dos Espíritos, para instrução dos homens, para lhes mostrar o caminho do bem e conduzi-los à fé, e não para lhes vender palavras que não lhes pertencem, visto que não são fruto de suas concepções, nem de suas pesquisas, nem de seus trabalhos pessoais. Deus quer que a luz chegue a todos; não quer que o mais pobre fique deserdado dela e possa dizer: não tive fé, porque não pude pagá-la; não tive o consolo de receber os encorajamentos e os testemunhos de afeição daqueles que choro, porque sou pobre. É por isso que a mediunidade não é um privilégio e se encontra por toda parte. Cobrar por ela seria, pois, desviá-la do seu objetivo providencial.


8. Quem conhece as condições em que os Espíritos bons se comunicam, a repulsa que sentem por tudo o que é de interesse egoísta, e sabe quão pouco é preciso para os afastar, jamais poderá admitir que os Espíritos superiores estejam à disposição do primeiro que apareça e os convoque a tanto por sessão. O simples bom senso repele semelhante ideia. Não seria também uma profanação evocarmos, por dinheiro, os seres que respeitamos ou que nos são caros? Sem dúvida é possível obter-se manifestações desse modo; quem, porém, garantiria a sua sinceridade? Os Espíritos levianos, mentirosos, brincalhões e toda a malta de Espíritos inferiores, muito pouco escrupulosos, sempre comparecem, prontos a responder ao que lhes é perguntado, sem se preocuparem com a verdade. Aquele, pois, que deseje comunicações sérias, deve, primeiro, pedi-las com seriedade e, em seguida, inteirar-se sobre a natureza das simpatias do médium com os seres do mundo espiritual. Ora, a primeira condição para se conquistar a benevolência dos Espíritos bons é a humildade, o devotamento, a abnegação, o mais absoluto desinteresse moral e material.


9. Ao lado da questão moral, apresenta-se uma consideração efetiva não menos importante, que se prende à própria natureza da faculdade. A mediunidade séria não pode ser e jamais será uma profissão, não só porque se desacreditaria moralmente, sendo logo identificada com os ledores da boa sorte, como também porque um obstáculo material a isso se opõe. É que se trata de uma faculdade essencialmente móvel, fugidia e variável, com cuja perenidade ninguém pode contar. Seria, pois, para o explorador uma fonte absolutamente incerta de receitas, que pode lhe faltar no momento em que mais precise dela. Coisa diversa é o talento adquirido pelo estudo, pelo trabalho, e que, por isso mesmo, é uma propriedade da qual naturalmente se permite ao seu possuidor tirar partido. A mediunidade, porém, não é uma arte nem um talento, razão pela qual não pode tornar-se uma profissão. Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há mediunidade. A aptidão pode subsistir, mas o seu exercício se anula. É por isso que não há no mundo um único médium capaz de garantir a obtenção de um fenômeno espírita em dado momento. Portanto, explorar a mediunidade é dispor de uma coisa da qual não se é realmente dono. Afirmar o contrário é enganar a pessoa que paga. Há mais: não é de si próprio que o explorador dispõe, mas do concurso dos Espíritos, das almas dos mortos, que ele põe a preço de moeda. Essa ideia causa instintiva repugnância. Foi esse tráfico, degenerado em abuso, explorado pelo charlatanismo, pela ignorância, pela credulidade e pela superstição que motivou a proibição de Moisés. O moderno Espiritismo, compreendendo o lado sério da questão, pelo descrédito que lançou sobre essa exploração, elevou a mediunidade à categoria de missão. (Veja-se, O livro dos médiuns, Segunda parte, cap. XXVIII; O céu e o inferno, Primeira parte, cap. XI.)


10. A mediunidade é uma coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente. Se há um gênero de mediunidade que requeira essa condição de modo ainda mais absoluto é a mediunidade curadora. O médico dá o fruto de seus estudos, feitos, muita vez, à custa de sacrifícios penosos. O magnetizador dá o seu próprio fluido, por vezes até a sua saúde. Podem pôr-lhes preço. O médium curador transmite o fluido salutar dos Espíritos bons: não tem o direito de vendê-los. Jesus e os apóstolos, embora pobres, nada cobravam pelas curas que operavam. Aquele, pois, que não tem do que viver, procure recursos em qualquer parte, menos na mediunidade; não lhe consagre, se assim for preciso, senão o tempo de que possa dispor materialmente. Os Espíritos levarão em conta o seu devotamento e sacrifício, ao passo que se afastam dos que fazem deles um trampolim por onde possam subir.








 
 
 

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