184- Capítulo XXIV - Itens 5 a 7
- paulinhocomunhao
- 31 de out. de 2023
- 3 min de leitura
(continuação)
5. Se, pois, em sua previdente sabedoria, a Providência não revela as verdades senão gradualmente, sempre as desvenda à medida que a Humanidade está amadurecida para recebê-las. Ela as mantém de reserva, e não sob o alqueire. Os homens, porém, ao se apoderarem das verdades, quase sempre as ocultam do vulgo com o intento de o dominarem. São esses os que, verdadeiramente, colocam a luz debaixo do alqueire. É por isso que quase todas as religiões têm tido seus mistérios, cujo exame proíbem. Todavia, ao passo que essas religiões iam ficando para trás, a Ciência e a inteligência avançaram e romperam o véu misterioso. Havendo-se tornado adulto, o vulgo quis penetrar o fundo das coisas e eliminou de sua fé o que era contrário à observação.
Não podem existir mistérios absolutos e Jesus está com a razão quando diz que nada há secreto que não venha a ser conhecido. Tudo o que se acha oculto será descoberto um dia e o que o homem não pode ainda compreender na Terra lhe será sucessivamente desvendado, em mundos mais adiantados, quando se houver purificado. Aqui na Terra ele ainda se encontra em pleno nevoeiro.
6. É de perguntar-se: que proveito o povo podia tirar dessa multidão de parábolas, cujo sentido lhe era oculto? Note-se bem que Jesus somente se exprimiu por parábolas sobre as partes de certo modo abstratas da sua Doutrina. Mas, tendo feito da caridade para com o próximo e da humildade condições básicas da salvação, tudo o que disse a esse respeito é inteiramente claro, explícito e sem ambiguidade. Assim devia ser, porque era a regra de conduta, regra que todos tinham de compreender para poderem observá-la. Era o essencial para a multidão ignorante, à qual Ele se limitava a dizer: “Eis o que é preciso fazer para ganhar o Reino dos céus”. Sobre as outras partes, Ele desenvolvia o seu pensamento apenas aos discípulos. Por serem eles mais adiantados, moral e intelectualmente, Jesus pôde iniciá-los no conhecimento de verdades mais abstratas. Foi por isso que Ele disse: Aos que já têm, ainda mais se dará. (Cap. XVIII, item 15.)
Entretanto, mesmo com os apóstolos, conservou-se impreciso acerca de muitos pontos, cuja completa compreensão ficava reservada aos tempos futuros. Foram esses pontos que deram margem às mais diversas interpretações, até que a Ciência, de um lado, e o Espiritismo, de outro, revelassem as novas Leis da Natureza, tornando compreensível o seu verdadeiro sentido.
7. Hoje, o Espiritismo projeta luz sobre uma porção de pontos obscuros. Entretanto, não a lança inconsideradamente. Em suas instruções, os Espíritos procedem com admirável prudência. Só abordam as diversas partes já conhecidas da Doutrina de modo gradual e sucessivo, deixando as outras partes para serem reveladas à medida que se for tornando oportuno fazê-las sair da obscuridade. Se a houvessem apresentado completa desde o início, ela só se teria mostrado acessível a reduzido número de pessoas; teria mesmo assustado as que não se achassem preparadas para recebê-lo, prejudicando assim a sua propagação. Se, pois, os Espíritos ainda não dizem tudo ostensivamente, não é porque haja na Doutrina mistérios reservados a alguns privilegiados, nem porque eles coloquem a candeia debaixo do alqueire, mas porque cada coisa tem de vir no momento oportuno. Os Espíritos deixam que cada ideia tenha tempo para amadurecer e propagar-se, antes que apresentem outra, a fim de que os acontecimentos tenham tempo de preparar a sua aceitação.
Comentários