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181- Capítulo XXIII - Itens 9 a 14 - Não Vim Trazer a Paz, Mas a Divisão

  • Foto do escritor: paulinhocomunhao
    paulinhocomunhao
  • 28 de out. de 2023
  • 4 min de leitura

Não vim trazer a paz, mas a divisão


9. Não penseis que Eu tenha vindo trazer paz à Terra; não vim trazer a paz, mas a espada; pois vim causar divisão entre o filho e seu pai, entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra; e o homem terá por inimigos os de sua própria casa. (MATEUS, 10:34 a 36.)


10. Vim para lançar fogo à Terra; e o que é que desejo senão que ele se acenda? Tenho de ser batizado com um batismo e quanto me sinto apressado de que ele se cumpra!


Julgais que Eu tenha vindo trazer paz à Terra? Não, Eu vos afirmo; ao contrário, vim trazer a divisão; porque de hoje em diante, se se acharem numa casa cinco pessoas, estarão elas divididas umas contra as outras: três contra duas e duas contra três. O pai estará em divisão com o filho e o filho com o pai, a mãe com a filha e filha com a mãe, a sogra com a nora e a nora com a sogra. (LUCAS, 12:49 a 53.)


11. Será mesmo possível que Jesus, a personificação da doçura e da bondade, logo Ele que não cessou de pregar o amor ao próximo, haja dito: “Não vim trazer a paz, mas a espada; vim causar divisão entre o filho e seu pai, entre o esposo e a esposa; vim lançar fogo à Terra e tenho pressa de que ele se acenda?”. Tais palavras não estarão em flagrante contradição com os seus ensinos? Não haverá blasfêmia em lhe atribuírem a linguagem de um conquistador sanguinário e devastador? Não, não há blasfêmia nem contradição nessas palavras, pois foi Ele mesmo quem as pronunciou, e elas dão testemunho da sua alta sabedoria. Apenas a forma, um tanto equívoca, não exprime com exatidão o seu pensamento, o que fez com que muitas pessoas se enganassem quanto ao verdadeiro sentido delas. Tomadas ao pé da letra, tenderiam a transformar a sua missão, inteiramente pacífica, noutra de perturbação e discórdia, consequência absurda, que o bom senso repele, uma vez que Jesus não podia desmentir-se. (Cap. XIV, item 6.)


12. Toda ideia nova encontra forçosamente oposição e não há uma só que se tenha estabelecido sem lutas. Ora, nesses casos, a resistência é sempre proporcional à importância dos resultados previstos, porque, quanto maior ela é, tanto mais numerosos são os interesses que fere. Se for notoriamente falsa, se a julgam sem consequência, ninguém se alarma e deixam-na passar, certos de que lhe falta vitalidade. Se, porém, é verdadeira, se está assentada em bases sólidas, se lhe preveem o futuro, um secreto pressentimento adverte os seus antagonistas de que constitui um perigo para eles e para a ordem de coisas em cuja manutenção se empenham. Atiram-se, então, contra ela e contra os seus adeptos.


Assim, a medida da importância e dos resultados de uma ideia nova se encontra na emoção que o seu aparecimento provoca, na violência da oposição que desperta, bem como no grau e na persistência da cólera de seus adversários.


13. Jesus vinha proclamar uma doutrina que solaparia pela base os abusos de que viviam os fariseus, os escribas e os sacerdotes do seu tempo. Por isso o fizeram morrer, certos de que, matando o homem, matariam a ideia. Mas a ideia sobreviveu, porque era verdadeira; engrandeceu-se, porque correspondia aos desígnios de Deus e, nascida num pequeno e obscuro vilarejo da Judeia, foi plantar a sua bandeira na própria capital do mundo pagão, em face dos seus mais encarniçados inimigos, daqueles que tinham mais interesse em combatê-la, porque subvertia crenças seculares a que eles se apegavam muito mais por interesse do que por convicção. Lutas das mais terríveis esperavam aí por seus apóstolos. As vítimas foram inumeráveis, mas a ideia cresceu sempre e triunfou, porque, como verdade, superava as suas antecessoras.


14. É de notar-se que o Cristianismo surgiu quando o paganismo já havia entrado em declínio e se debatia contra as luzes da razão. Ainda era praticado pro forma; a crença, porém, havia desaparecido; apenas o interesse pessoal o sustentava. Ora, o interesse é tenaz; jamais cede à evidência; irrita-se tanto mais quanto mais convincentes são os raciocínios que lhe são opostos e quanto mais demonstram o erro em que incorrem. Sabe perfeitamente que está errado, mas isso não o abala, porque não possui na alma a verdadeira fé. O que mais teme é que a luz abra os olhos dos cegos; esse erro lhe é proveitoso, razão por que se agarra a ele e o defende.


Sócrates não ensinara também uma doutrina até certo ponto análoga à do Cristo? Por que, então, não prevaleceu naquela época, no seio de um dos povos mais inteligentes da Terra? É que ainda não chegara o tempo. Ele semeou numa terra não lavrada; o paganismo ainda não se achava gasto. O Cristo recebeu a sua missão providencial no tempo apropriado. Embora nem todos os homens de sua época estivessem à altura das ideias cristãs, havia entre eles uma aptidão mais geral para as assimilar, pois já começavam a sentir o vazio que as crenças vulgares deixavam na alma. Sócrates e Platão haviam aberto o caminho e predisposto os espíritos. (Veja-se, na Introdução, o item IV: Sócrates e Platão, precursores da ideia cristã e do Espiritismo.)


(continua)









 
 
 

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