174- Capítulo XXI - Item 10 - Os Falsos Profetas da Erraticidade
- paulinhocomunhao
- 21 de out. de 2023
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Os falsos profetas da erraticidade
10. Os falsos profetas não se encontram somente entre os encarnados. Encontram-se também, e em muito maior número, entre os Espíritos orgulhosos que, sob a falsa aparência de amor e caridade, semeiam a desunião e retardam a obra de emancipação da Humanidade, lançando-lhe sutilmente os seus sistemas absurdos, depois de terem feito que seus médiuns os aceitem. E, para melhor fascinarem aqueles a quem desejam iludir, para darem mais peso às suas teorias, se apoderam sem escrúpulo de nomes que só com muito respeito os homens pronunciam.
São eles que semeiam o fermento dos antagonismos entre os grupos, que os impelem a se isolarem uns dos outros e a se olharem com prevenção. Só isso já seria bastante para os desmascarar, porque, procedendo assim, eles mesmos dão um formal desmentido às suas pretensões. Cegos, portanto, são os homens que se deixam cair em tão grosseira cilada.
Há, porém, muitos outros meios de serem reconhecidos. Espíritos da categoria que eles dizem pertencer têm de ser não só muito bons, mas também eminentemente racionais. Pois bem: passai-lhes os sistemas pelo crivo da razão e do bom senso e vede o que restará. Concordai, pois, comigo: todas as vezes que um Espírito indica, como remédio aos males da Humanidade ou como meio de conseguir-se a sua transformação, coisas utópicas e impraticáveis, medidas pueris e ridículas; quando formula um sistema que as mais rudimentares noções da Ciência contradizem, não pode ser senão um Espírito ignorante e mentiroso.
Por outro lado, crede que, se nem sempre os indivíduos apreciam a verdade, esta é sempre apreciada pelo bom senso das massas, constituindo isso mais um critério. Se dois princípios se contradizem, achareis a medida do valor intrínseco de ambos, verificando qual dos dois encontra mais ecos e simpatias. Realmente, seria ilógico admitir- se que uma doutrina cujo número de adeptos diminua progressivamente seja mais verdadeira do que outra que os veja aumentar continuamente. Querendo que a verdade chegue a todos, Deus não a confina num círculo restrito; faz que ela surja em diferentes pontos, a fim de que por toda parte a luz esteja ao lado das trevas.
Repeli sem piedade todos esses Espíritos que se apresentam como conselheiros exclusivos, pregando a divisão e o isolamento. Quase sempre são Espíritos vaidosos e medíocres, que procuram impor-se a homens fracos e crédulos, dispensando-lhes exagerados louvores, a fim de os fascinar e de tê-los dominados. São, geralmente, Espíritos sequiosos de poder e que, déspotas públicos ou na intimidade do lar, ainda querem vítimas para tiranizar depois de terem morrido. Em geral, desconfiai das comunicações que trazem um caráter de misticismo e de estranheza, ou que prescrevem cerimônias e atos extravagantes. Nesses casos, há sempre motivo legítimo para suspeição.
Tende certeza, igualmente, de que quando uma verdade tem de ser revelada à Humanidade, ela é, por assim dizer, comunicada instantaneamente a todos os grupos sérios, que dispõem de médiuns também sérios, e não a este ou àquele, com exclusão dos outros. Nenhum médium é perfeito, se está obsidiado, e há manifesta obsessão quando um médium só é apto a receber comunicações de determinado Espírito, por mais alto que este procure colocar-se. Consequentemente, todo médium e todo grupo que se julguem privilegiados por obterem comunicações que só eles podem receber e que, por outro lado, se submetem a práticas que tendem para a superstição, indubitavelmente se acham sob o domínio de uma obsessão bem caracterizada, sobretudo quando o Espírito dominador se exibe com um nome que todos, encarnados e desencarnados, devem honrar e respeitar, não permitindo que seja empregado despropositadamente.
É incontestável que, submetendo ao crivo da razão e da lógica todos os dados e todas as comunicações dos Espíritos, será fácil rejeitar o absurdo e o erro. Um médium pode ser fascinado e um grupo pode ser iludido, mas o controle severo dos outros grupos, a ciência adquirida, a elevada autoridade moral dos dirigentes de grupos, as comunicações que os principais médiuns recebem, com um cunho de lógica e de autenticidade dos melhores Espíritos, farão justiça rapidamente a esses ditados mentirosos e astuciosos, emanados de uma turba de Espíritos mistificadores ou maus. – ERASTO, DISCÍPULO DE PAULO. (PARIS, 1862.)
(Veja-se, na Introdução deste livro, o item II: Controle universal do ensino dos Espíritos. O livro dos médiuns, Segunda parte, cap. XXIII, Obsessão.)
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