173- Capítulo XXI - Item 9 - Características do verdadeiro profeta
- paulinhocomunhao
- 20 de out. de 2023
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Características do verdadeiro profeta
9. Desconfiai dos falsos profetas. Essa recomendação é útil em todos os tempos, mas, sobretudo, nos momentos de transição em que, como no atual, se elabora uma transformação da Humanidade, porque, então, uma multidão de ambiciosos e intrigantes se arvoram em reformadores e messias. É contra esses impostores que se deve estar em guarda, cabendo a todo homem honesto o dever de desmascará-los. Perguntareis, sem dúvida, como se pode reconhecê-los. Tendes aqui as suas características:
Só se confia o comando de um exército a um hábil general, capaz de o dirigir. Julgais que Deus seja menos prudente do que os homens? Ficai certos de que só confia missões importantes aos que Ele sabe capazes de as cumprir, já que as grandes missões são fardos pesados que esmagariam o homem demasiado fraco para carregá-los. Como em todas as coisas, o mestre tem de saber mais do que o discípulo; para fazer que a Humanidade avance moralmente e intelectualmente, são precisos homens superiores em inteligência e em moralidade. Por isso, para essas missões, são sempre escolhidos Espíritos já adiantados, que fizeram suas provas em outras existências, visto que, se não fossem superiores ao meio em que têm de atuar, a sua ação seria nula.
Isto posto, haveis de concluir que o verdadeiro missionário de Deus tem de justificar a missão de que está investido pela sua superioridade, pelas suas virtudes, pela sua grandeza, pelo resultado e pela influência moralizadora de suas obras. Tirai, também, esta outra consequência: se, pelo seu caráter, pelas suas virtudes, pela sua inteligência, ele se mostra abaixo do papel com que se apresente, ou da personagem sob cujo nome se abriga, não passa de farsista de baixa categoria, que nem sequer sabe imitar o modelo que escolheu.
Outra consideração: os verdadeiros missionários de Deus ignoram-se a si mesmos, em sua maior parte; desempenham a missão a que foram chamados pela força do gênio que possuem, secundados pelo poder oculto que os inspira e dirige à revelia deles, mas sem desígnio premeditado. Numa palavra, os verdadeiros profetas se revelam por seus atos, são adivinhados, ao passo que os falsos profetas se arrogam, eles próprios, como enviados de Deus. O primeiro é humilde e modesto; o segundo é orgulhoso e cheio de si, fala com altivez e, como todos os mentirosos, parece sempre temeroso de que não lhe deem crédito.
Já foram vistos alguns desses impostores, pretendendo passar por apóstolos do Cristo, outros pelo próprio Cristo e, para vergonha da Humanidade, eles têm encontrado pessoas bastante crédulas para acreditarem nas suas torpezas. Entretanto, uma consideração bem simples deveria abrir os olhos do mais cego: a de que, se o Cristo reencarnasse na Terra, viria com todo o seu poder e todas as suas virtudes, a menos que se admitisse, o que seria absurdo, que Ele houvesse degenerado. Ora, do mesmo modo que já não tereis Deus, se tirardes um só de seus atributos, também já não tereis o Cristo, se tirardes uma só de suas virtudes. Aqueles que se apresentam como o Cristo possuirão todas as suas virtudes? Essa a questão. Observai-os, perscrutai-lhes as ideias e os atos e reconhecereis que, acima de tudo, lhes faltam as qualidades distintivas do Cristo: a humildade e a caridade, ao passo que têm as que Jesus não possuía: a cupidez e o orgulho. Notai, além disso, que neste momento, em vários países, há muitos pretensos Cristos, como há muitos pretensos Elias, muitos João ou Pedro, e é impossível que todos sejam verdadeiros. Tende como certo que são criaturas que exploram a credulidade alheia e acham cômodo viver à custa dos que as levam em consideração.
Desconfiai, pois, dos falsos profetas, principalmente em época de renovação, qual a presente, porque muitos impostores se apresentarão como enviados de Deus. Eles procuram satisfazer na Terra à sua vaidade, mas uma terrível justiça os espera, podeis estar certos. – ERASTO. (PARIS, 1862.)
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