141- Capítulo XVI - Item 13
- paulinhocomunhao
- 18 de set. de 2023
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13. Sendo o homem o depositário, o administrador dos bens que Deus lhe pôs nas mãos, ser-lhe-ão pedidas severas contas do emprego que ele lhes haja dado, em virtude do seu livre-arbítrio. O mau uso consiste em os aplicar exclusivamente na sua satisfação pessoal. Ao contrário, o emprego é bom todas as vezes que deles resulta um bem qualquer para outrem. O mérito é proporcional ao sacrifício que a criatura se impõe. A beneficência é apenas um modo de empregar-se a riqueza; ela alivia a miséria atual, aplaca a fome, preserva do frio e proporciona abrigo a quem não o tem. Há, porém, um dever igualmente imperioso e meritório: o de prevenir a miséria. Esta é a missão das grandes fortunas, mediante os trabalhos de todo gênero que com elas se podem executar. E, mesmo tirando legítimo proveito desses trabalhos, o bem não deixaria de existir, porque o trabalho desenvolve a inteligência e enaltece a dignidade do homem, sempre cioso de poder dizer que ganha o pão que come, ao passo que a esmola humilha e degrada. A riqueza concentrada em uma só mão deve ser qual fonte de água viva que espalha a fecundidade e o bem-estar à sua volta. Ó vós, ricos, que a empregardes segundo as vistas do Senhor, o vosso coração será o primeiro a dessedentar-se nessa fonte benfazeja; já nesta vida fruireis os inefáveis gozos da alma, em vez dos gozos materiais do egoísta, que deixam vazio o coração. Vossos nomes serão benditos na Terra e, quando a deixardes, o soberano Senhor vos dirá, como na Parábola dos Talentos: “Bom e fiel servo, entra na alegria do teu Senhor”.
Nessa parábola, o servidor que enterrou o dinheiro que lhe fora confiado não é a imagem dos avarentos, em cujas mãos a riqueza se conserva improdutiva? Se, entretanto, Jesus fala principalmente de esmolas, é que naquele tempo e no país em que Ele vivia não se conheciam os trabalhos que as artes e a indústria criaram depois e nas quais as riquezas podem ser aplicadas utilmente para o bem geral. A todos os que podem dar, pouco ou muito, direi: dai esmola quando for preciso, mas, tanto quanto possível, convertei-a em salário, a fim de que aquele que a receba não se envergonhe dela. – FÉNELON. (ARGEL, 1860.)
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